Sistema de saúde público brasileiro: desafios para garantia desse direito

TEXTO I 

O cenário de desperdício de recursos na saúde

Ainda que o contexto de combate à Covid-19 não permita comparação, o cenário parece ter chamado a atenção para o desperdício, observável na nossa realidade. Ao menos é o que sugerem em 2020 alguns especialistas da divisão de saúde da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Considerando o investimento privado, o Brasil gasta em saúde 1,4% a mais do PIB do que a média dos paísesmembros da OCDE que, na maioria, são ricos. Contudo, o gasto público é inferior. A opinião do diretor-adjunto da divisão de saúde da entidade é a de que, além de aumentar investimentos, é preciso aplicá-los melhor.

Essencialmente, ele destaca alguns problemas reconhecidos, como gastos com hospitalizações e atendimentos de urgência que poderiam ser evitados com foco na atenção primária. Exames simples inacessíveis no momento certo impedem o diagnóstico precoce de doenças que poderiam ser tratadas, antes de se tornarem problemas graves, aumentando os custos e prejudicando o paciente.

Deficiências no sistema de regulação ficam claras quando observamos um índice de cesarianas acima da média e prescrições de medicamentos consideradas desnecessárias, especialmente de antibióticos.


TEXTO II

De acordo com os dados da OCDE, o Brasil gastou US$ 1.282 per capita em saúde em 2018. Para comparação, os Estados Unidos, líderes da pesquisa, registraram gasto total anual de US$ 10 mil dólares por habitante em 2018, os quais majoritariamente são provenientes de investimento governamental.

Em 2020, o Conselho Federal de Medicina (CFM) realizou um balanço com os números divulgados pelo governo indicando que R$ 1.398,53 saíram das contas públicas em todo o País para pagar o atendimento da população.

Portanto, a União gasta diariamente R$ 3,83 com cada habitante, valor que é proveniente das três esferas do poder público: federal, estadual e municipal. [...]


De acordo com o balanço, foram cerca de R$ 292,5 bilhões que saíram dos cofres públicos para o sistema de saúde em 2019. Além da construção de novas unidades de atendimento, o montante é destinado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para aperfeiçoamento e cobertura de suas ações, como a rede de atendimento e o pagamento de salários de funcionários.


Em declaração oficial, o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, ressaltou que os indicadores de saúde e as más condições de trabalho no País demonstram que a parcela destinada para investimento no setor ainda está consideravelmente abaixo do ideal. Para ele, embora os números totais aplicados tenham crescido cerca de R$ 85,8 bilhões nos últimos 12 anos, a quantia segue ínfima quando comparada com padrões internacionais e tendo em vista as demandas da população brasileira.


Ribeiro ainda afirmou que, caso o Brasil não dê maior atenção para a área nos próximos anos, os gestores terão dificuldades para realizar compra de equipamentos, obras e outras adaptações que poderiam desenvolver um sistema de saúde de maior qualidade.


TEXTO III


Falta de profissionais na saúde pública

Um dos cursos mais concorridos do Brasil é a Medicina, mas, por algum motivo, há poucos profissionais na saúde pública. Analisando os pontos já comentados, não é nenhuma surpresa que os médicos, enfermeiros e técnicos optem pela clínica privada, inclusive deixando de lado os concursos públicos.

Afinal, poucas pessoas querem trabalhar em um local que constantemente exige mudanças para lidar com patologias reemergentes, alta carga horária, turnos estendidos, infraestrutura precária e, sobretudo, baixo salário.

Além disso, embora existam profissionais interessados em atuar na rede, a má distribuição surge para complicar ainda mais a situação do Brasil. Médicos são redirecionados para lugares que não precisam de seus serviços, como algumas capitais, o que causa o negligenciamento de outras cidades.

Como comentamos, um problema está sempre relacionado a outro. Nesse sentido, a falta de médicos e enfermeiros nos hospitais ou nas unidades de saúde acaba gerando a superlotação e as grandes listas de espera.

Com a entrada do coronavírus no Brasil, os profissionais de saúde nos três níveis de atenção estão com uma sobrecarga de estresse físico e mental, o que prejudicará a assistência para aqueles que realmente necessitam. 

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